Blog criado por Ricardão (não... não sou famoso não) soh pra ficar na moda.

sexta-feira, novembro 28, 2003

O vocalista da Los Canos escreveu o seguinte:

O que acontece com o rock em Salvador?

Uma duvida, mais que uma duvida, um monte de certezas totalmente opostas é o que se ouve quando o assunto é rock na Bahia. Existe uma cena? Não existe? Bandas boas? Bandas medíocres? A Bahia é a terra do axé?

Um monte de perguntas, um monte de respostas. Mas algumas coisas estão aí pra quem quiser ver. Numericamente o rock baiano parece crescer para quase todos os lados, bandas novas (com uma visão cada vez mais profissional), lojas, estúdios, produtores, jornalistas, programas de radio, TV, selos...

Qualitativamente as bandas baianas se mostram das mais originais e criativas do país. Ao contrario do que se vê na maior parte das bandas independentes brasileiras as bandas da Bahia não costumam simplesmente imitar uma banda ou um estilo estrangeiro. Vão alem criado quase sempre um som muito particular sem se prender a regionalismos forçados e não negando suas origens, fazendo musica de maneira espontânea (musica pela música).

Esse que pode ser o grande mérito do rock baiano parece, porem, dificultar a vida das pessoas envolvidas com musica independente Brasil á fora. Elas não conseguem enxergar uma cena, um movimento, uma força musical em um lugar onde não se pode fazer uma associação simples entre a musica das bandas deste local. Não é como em Pernambuco, Rio Grande do Sul, Espírito Santo ou Goiás em na maioria das vezes existe um ponto comum entre a musica de suas principais bandas. Qual a relação entre Retrofoguetes, Brinde, Adcional, Soma, Plexus, Honkers e Nancyta?????

Porem como nada é perfeito, algumas coisas chegam a assustar em Salvador. A principal delas é sem duvida nenhuma o publico. E possível enxergar perfis diferentes do publico rock na cidade, nenhum merecedor de muito apreço.(exceção feita ao publico metal que prestigia de maneira exemplar suas bandas). Todos parecem afetados pela síndrome da festividade, as pessoas saem de casa pra se divertir, conversar, namorar. A musica normalmente é pano de fundo para balada. È muito difícil pra uma banda que não toca cover conseguir a atenção do publico. Se o som não for muito dançante é outra dificuldade.

Dentro dos perfis diferenciados de publico existem aqueles que gostam da musica que é indicada por alguém ou algo que eles respeitam, seja um jornal, uma pessoa, um guru, sei lá... O fato é que já se viu mais de uma vez uma banda que era menosprezada pelo publico ver sua popularidade ir de um extremo ao outro depois de alguma aparição extra-estadual, ou depois de ser valorizada por alguns desses “gurus”.

Também existem aqueles que “apóiam a cena local” mais infelizmente não podem pagar o exorbitante couvert de 6 reais para ver uma banda independente. Até o dia em que essa mesma banda “Estourar” e for fazer uma apresentação em uma grande casa de show á no mínimo 15 reais. E ainda fala: -Mas aí é outra estrutura, outro som, outra coisa!

O que falar do verdadeiro roqueiro que gosta muito da sua banda de HC, mas acha que vocês deveriam tocar mais musicas do Ramones (Toca Ramonesssss!!!!)

Enfim o publico baiano não é mesmo dos melhores. É inconcebível imaginar, por exemplo, em Salvador um festival como o Goiânia Noise, em que 5 mil pessoas em media por dia se juntam para ver e conhecer mais de 40 bandas independentes. Parece restar as bandas baianas continuar a fazer o seu som por prazer e se quiser levantar vôos mais altos não esperar muita coisa do seu publico conterrâneo. E nem se abalar com os shows para 10 pessoas.